E de onde veio a Fotografia? História da Invenção

Começando mais ou menos do começo, voltamos ao ano de 1826 quando um cara chamado Joseph Nicéphore Niépce, lá no interior da França conseguiu imprimir dentro de uma câmera obscura a imagem vista pela janela de sua casa, em uma chapa de estanho embebida com um tipo de asfalto chamado Betume da Judéia.
 
Após 8h de exposição, a imagem ficou fixada na chapa, criando assim a primeira fotografia que se tem notícia na história.
 
A imagem que costumam mostrar é essa aí abaixo: 
“Point de vue d’aprés nature réalisé à la maison du Gras de Saint-Loup-de-Varennes, héliographie sur plaque d’étain, 1826”
 
Mas a imagem real que permanece fixa até hoje e foi exposta em 2012 na Alemanha é assim: 
Bem diferente, né?
 
Mas não importa. O que importa é que Niépce era um cara genial e essa foto representa um grande salto tecnológico na história da produção de imagens, por ser a primeira a ser criada através de um meio técnico, sem a mão do homem.
 
Ao longo da vida, Niépce investiu todo seu tempo e dinheiro em suas pesquisas e, a essa altura, estava falido. Ele soube então que o empresário francês Louis Jacques Mandé Daguerre, já muito rico e conhecido pelo seu trabalho com os Dioramas também estava pesquisando o mesmo assunto e resolveu entrar em contato.
 
 
Os dois então formaram uma sociedade em 1829 para o desenvolvimento do processo chamado até esse momento de “Heliografia”, com o intuito de descobrir uma forma de fixação permanente e de diminuir o tempo de exposição. Daguerre entrou não só com o dinheiro, mas também com seu prestígio e conhecimento político, o que facilitou e muito a difusão da descoberta.
 
 
Mas a vida é injusta e 4 anos depois Niépce morreu, antes de ver os avanços de seu invento. A essa altura, Daguerre já tinha todo o conhecimento necessário para continuar a pesquisa, até que em 1835 ele consegue fazer a primeira imagem com o novo processo, a que chamou de Daguerreótipo. Nada egocêntrico… 
Primeiro Daguerreótipo – Still Life – Daguerre – 1835
 
 
Reza a lenda que ele descobriu por acaso a existência da imagem latente, quando guardou uma chapa que havia sido pouco exposta em seu armário de químicos e ela sem querer foi colocada em contato com os vapores de mercúrio de um termômetro quebrado. Essa descoberta fez com que o tempo de exposição fosse reduzido de horas para minutos e assim Daguerre se sentiu seguro para apresentar o invento, de olho no enorme potencial comercial do seu invento.
 
Em 02 de Janeiro de 1839, Alfred Letellier publicou um texto chamado “Le Daguerréotype” num jornal, onde descrevia ao público pela primeira vez o processo do daguerreótipo. O texto original está no link e diz mais ou menos isso:
 
“O Daguerreotipo – Sob essa denominação o senhor Daguerre, pintor, inventor e diretor do Diorama desenvolveu um procedimento com a ajuda do qual, sem nenhuma noção de desenho, sem nenhum conhecimento de química ou física, nos podemos em poucos minutos capturar pontos de vista os mais detalhados, os lugares mais pitorescos. Qualquer um com a ajuda do daguerreotipo poderá fazer com facilidade e rapidez a vista de seu castelo ou de sua casa de campo, ate mesmo um retrato ao natural…..”
 
Após isso, uma série de artigos foi publicada, começando assim o buxixo acerca da nova invenção. Nesse mesmo momento, várias outras pessoas ao redor do mundo começaram a querer mostrar suas pesquisas que iam pela mesma linha.
 
Tentando achar um meio de explorar comercialmente seu invento, Daguerre, em sociedade com o filho de Niépce, Isidore Niépce, apresenta o daguerreótipo para o astrônomo e membro da Academia Francesa de Artes e Ciências, François Arago. Este se tornou um grande entusiasta e se apressou para levar ao conhecimento da Academia, abafando também todos os outros pretendentes que vinham mostrar novidades.
 
Após uma primeira apresentação na Academia, que ocorreu em 9 de janeiro de 1839, Arago começou o lobby para que o governo Francês comprasse os direitos da invenção de Daguerre.
 
Até que, em 19 de agosto de 1839, durante uma sessão na Academia Francesa de Artes e Ciências, onde o processo do daguerreotipo foi extensamente debatido e detalhado passo a passo, ficou estabelecido que os dois inventores, Jaques Daguerre e Isidore Niépce, receberiam uma pensão vitalícia de 4mil francos cada, em troca dos direitos de uso do invento. O Governo da França, numa atitude nobre, doou a seguir esses direitos à humanidade.
 
Mas Daguerre espertamente continuou fabricando o daguerreótipo, associado ao seu cunhado. As câmeras eram numeradas e assinadas por ele e era enviado um manual de instruções. Como a invenção era de domínio público, muitas réplicas começaram a surgir, mas em geral os resultados obtidos com as réplicas não eram muito animadores. Com isso, Daguerre continuou ganhando muito dinheiro, além da pensão vitalícia do governo francês. Rá! 
Kit básico do Daguerreótipo – pesava “apenas” uns 50kg
 
O que veio a seguir foi uma loucura completa, o mundo inteiro surtando e querendo conhecer as maravilhas daquela máquina mágica que desenhava sozinha, sem auxílio de lápis nem pincel.
 
“A partir de hoje a pintura está morta” – Declarou o pintor Paul Delaroche ao tomar conhecimento do daguerreotipo
 
E por aí em diante…
 
Em 1841 o filho de Niépce, Isidore publica um pequeno livro chamado “Historique de la découverte improprement nommée daguerréotype, précédé d’une notice de son véritable inventeur Joseph-Nicéphore Niépce.”  mostrando que ele ficou muito #xatiado que Daguerre estava levando toda a fama pela invenção da fotografia e sequer citava ele ou seu pai…
 
Com o passar do tempo, a justiça foi feita e Niépce foi enfim reconhecido como o verdadeiro inventor da fotografia… Mas aí, o 19 de agosto já tinha se consagrado como o Dia Mundial da Fotografia e aqui estamos nós comemorando.
 
Claro que a história não para por aí, na verdade o daguerreótipo nem foi o grande responsável pelo desenvolvimento da fotografia como conhecemos hoje, baseada na reprodutibilidade do positivo/negativo, já que mantinha a aura de objeto único, verdadeiras joinhas cobiçadas pela burguesia da época. 
Eles vinham montados em caixinhas e alguns eram coloridos à mão.
 
 
A grande contribuição da fotografia como conhecemos foi dada por Willian Henry Fox-Talbot, com a criação do Calótipo e seu método positivo-negativo.
 
Além disso, muitos outros pesquisadores ao redor do mundo reivindicaram para si a invenção da fotografia, inclusive o francês, radicado no Brasil, Hercules Florence, que merece um post só dele, pois teve o crédito já provado pelo pesquisador Boris Kossoy de ser o primeiro no mundo a utilizar o termo PHOTOGRAPHIE.
 
Mas hoje vamos ficando por aqui, né? 
 
LINKS:
Museu Nicéphore-Niépce http://www.museeniepce.com/
 
Bibliografia:
 
CRAWFORD, William. The Keepers of Light, Morgan & Morgan, NY, 1ª edição, 1979
 
KOSSOY, Boris.Hercules Florence: A descoberta isolada da fotografia no Brasil. Duas Cidades, São Paulo, 1980 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Carrinho de compras
0
    0
    Seu Carrinho
    Seu carrinho está vazioVoltar à loja